ARTIGO: “Bolsa Brasileira na contramão do mundo”

Por Rafael Cope de Lemos

Bolsa da valores (Foto: Divulgação)

O Ibovespa fechou a sessão de sexta-feira (23) em baixa de 2,06%, aos 111.716 pontos. O volume negociado no dia ficou em R$ 35,1 bilhões. Mesmo com a queda, o índice de referência da Bolsa acumulou alta de 2,22% na semana.

O pessimismo externo afetou a bolsa brasileira, e fez com que os investidores realizassem lucro e abrissem as torneiras das vendas, despencando e empurrando os preços para baixo. Ainda que as notícias domesticas recentes continuem sendo um viés positivo para o mercado brasileiro, o índice foi contaminado pelo mau humor Global. O Gatilho vendedor e realizador, veio dos preços da commodities que despencaram junto com ações de peso listadas na B3.

Os preços do petróleo no mercado internacional recuaram mais de 5% ao longo do dia, com os temores de uma recessão no mundo, diante da escalada de juros pelos Bancos Centrais. Em Nova York, o barril do WTI terminou o dia sendo negociado abaixo de US$ 80 e o do Brent caía mais de 4% nas últimas negociações. O baque foi sentido pelas ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que fecharam em baixa de mais de 6%.

A petrolífera é uma das empresas de maior peso do Ibovespa, junto com a Vale (VALE3), que cedeu mais de 2% No pregão de sexta-feira (23). “A Bolsa brasileira é suscetível às commodities tanto na alta quanto na baixa. Em um dia muito ruim para as matérias-primas, é natural que o Ibovespa não reaja bem”.

“Por mais que a Bolsa brasileira tenha caído forte, desde agosto ela vem performando melhor que o mercado americano. E acredito que deve continuar assim, pois ainda estamos com preços de pré-pandemia e as empresas, em termos gerais, estão apresentando bons resultados”, avalia Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.

A sessão, por outro lado, foi de ganhos para o dólar, que disparou com o sentimento generalizado de aversão ao risco. Sexta feira (23) moeda americana fechou em alta de 2,62% a R$ 5,248 na compra e R$ 5,249 na venda. Com a valorização desta sexta-feira, o dólar quase apagou as perdas registradas na semana, acumulando queda de apenas 0,2% no período.

Os juros futuros também praticamente neutralizaram a queda, mesmo com o encerramento, por hora, do ciclo de aperto monetário no Brasil. No after hours, o DIF25 subia 13 pontos-base, a 11,61%, enquanto os contratos DIF27 e DIF29 avançavam 22 e 21 pontos, respectivamente, a 11,40% e 11,52%.

“Com as treasuries nos EUA renovando as máximas, tivemos um dia de juros futuros subindo no Brasil acompanhando o cenário internacional de alta de juros”, explica o economista Fabio Louzada, da Eu me banco.

Nos Estados Unidos, nada de trégua para as Bolsas. O Dow Jones caiu 1,61%, aos 29.592 pontos; o S&P 500 recuou 1,72%, aos 3.693 pontos; e a Nasdaq teve baixa de 1,80%, aos 10.867 pontos.

“O ambiente é de pessimismo, com um crescimento econômico muito mais baixo do que se estava esperando e a inflação em pauta, não cedendo nesse primeiro momento”,

Ibovespa: -2,06% (111.716)

Dólar Futuro: +2,71% (5.267)

Maiores altas do Ibovespa:

–Equatorial (EQTL3) / R$ 26,97 / +7,75%

–Petz (PETZ3) / R$ 11,16 / +4,49%

–Fleury (FLRY3) / R$ 18,27 / +3,69%

–Energias BR (ENBR3) / R$ 23,71 / +2,77%

–Hypera (HYPE3) / R$ 45,94 / +1,98%

 Maiores baixas do Ibovespa:

–Embraer (EMBR3) / R$ 12,66 / -7,46%

–Petrobras ON (PETR3) / R$ 32,90 / -7,06%

–Azul (AZUL4) / R$ 16,14 / -6,81%

–Gol (GOLL4) / R$ 9,73 / -6,44%

–Petrobras PN (PETR4) / R$ 29,94 / -6,26%

Maiores Contribuições de baixa: PETR4, PETR3, VALE3, ITUB4 e BBDC4.

Mais Negociadas (Vol. Financeiro) do Ibovespa:

–Petrobras PN (PETR4) / R$ 4,16 bilhões

–Vale (VALE3) / R$ 3,00 bilhões

–Petrobras ON (PETR3) / R$ 1,62 bilhões

–Itaú (ITUB4) / R$ 966,6 milhões

–Bradesco (BBDC4) / R$ 764,9 milhões

Destaques do dia (Volume de Negócios acima da média dos últimos 21 pregões) – 23/09/2022

#INEP4 5,5x (+12,08%)

#GFSA3 3,8x (+5,42%)

#ROMI3 3,8x (+2,73%)

#EQTL3 3,5x (+7,75%)

#BKBR3 2,8x (-7,55%)

Fundos de Investimento

Macroeconomia

Semana foi marcada por decisões de política monetária dos principais bancos centrais globais. A percepção sobre a necessidade de uma política mais restritiva levou o mercado a passar por uma correção. Dados de atividade na Europa trouxeram preocupação que se somaram ao noticiário sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. Aqui no Brasil, apesar do comunicado duro, investidores acreditam que o ciclo de alta da Selic chegou ao seu fim, o que foi positivo para ativos ligados à economia doméstica.

Queda de Juros somente em 2024

Esse foi o recado do último FOMC, comitê de política monetária nos EUA, ao sinalizar uma preocupação no combate a inflação ao mesmo tempo em que deixou claro que irá fazer de tudo para leva-la para sua meta. Nenhum outro ciclo de alta juros começou tão intenso, algo que não era visto desde 1980.

O gráfico de pontos (Dot plot) do FOMC foi hawkish, com projeções bem acima das expectativas do mercado para o final de 2023.

ANÁLISE COMPLETA: Fed sobe juros em 75 bps e sinaliza inflação na meta em 2025

Nível de atividade na Europa assusta investidor

Na ressaca das elevações de juros do Fed e do BoE, entre outros BCs esta semana, o investidor se assustou com o novo plano econômico do Reino Unido, que anunciou uma série de cortes de impostos enquanto o país se prepara para uma recessão. Mais cedo, na Zona do Euro, os PMIs de manufatura e serviços vieram abaixo das expectativas e em nível contracionista. A tempestade perfeita ainda contou com a divulgação de dados de inflação alcançando recordes históricos nessa semana.

STOXX 600, um dos principais índices de ações europeias, entrou em bear market após queda acumulada superior a 20% desde o último topo.

 

Selic em 13,75% ao Ano e um dos seus principais impactos.

Sob atual patamar de juros, compra de um carro, de R$ 40 mil, por 60 meses exige R$ 218,46 a mais por parcela e R$ 13.107,83 a mais no total da operação.

O ciclo de alta da Selic (juros básicos da economia), que chegou ao fim na quarta (21), no anuncio do presidente do Banco central Brasileiro (Roberto Campos Neto), o crédito em 32% para pessoas físicas e 45% para empresas, divulgou a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Embora as elevações mais recentes tenham tido impacto pequeno nos financiamentos e empréstimos, o saldo final é considerável após um ano e meio de reajustes contínuos.

De março de 2021 a setembro deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic de 2% para 13,75% ao ano. Em alguns casos, o impacto acumulado elevou o valor final dos financiamentos em montantes superiores a R$ 10 mil, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Segundo a Anefac, o juro médio para as pessoas físicas passou de 92,59%, no início de 2021, para 122,65% ao ano agora. Para as pessoas jurídicas, a taxa média saiu de 41,2% para 59,92% ao ano. Isso representa encarecimento de 32,44% nas taxas anuais para pessoas físicas e de 45,44% para empresas.

Simulações

A Anefac fez simulações para medir o impacto da alta da Selic em um ano e meio. No financiamento de uma geladeira de R$ 1,5 mil em 12 prestações, o comprador desembolsa R$ 6,97 a mais por prestação e R$ 83,67 a mais no valor final com a taxa Selic atual. O cliente que entra no cheque especial em R$ 1 mil por 20 dias paga R$ 6,47 a mais.

Na utilização de R$ 3 mil do rotativo do cartão de crédito por 30 dias, o cliente gasta R$ 93,30 a mais. Um empréstimo pessoal de R$ 5 mil por 12 meses cobra R$ 29,69 a mais por prestação e R$ 356,22 a mais após o pagamento da última parcela.

Um empréstimo de R$ 500 em 12 meses numa financeira sai R$ 3,70 mais caro por prestação e R$ 44,42 mais caro no total. No financiamento de um automóvel de R$ 40 mil por 60 meses, o comprador pagará R$ 218,46 a mais por parcela e R$ 13.107,83 a mais no total da operação.

relação às pessoas jurídicas, as empresas pagam R$ 1.437,03 a mais por um empréstimo de capital de giro de R$ 50 mil por 90 dias, R$ 539,21 pelo desconto de R$ 20 mil em duplicatas por 90 dias e R$ 94,67 a mais pela utilização de conta garantida no valor de R$ 10 mil por 20 dias.

Agenda Econômica da Semana: 26/09 a 30/09/22.

 IPCA-E – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial

IPP – Índice de Preços ao Produtor – Indústrias Extrativas e de Transformação

IPCA – 15 (Previa da inflação oficial).

IGP-M de setembro.

IPC – vip

Dados de Emprego: CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Fala do presidente do Banco Central dos EUA

RTI – relatório trimestral da Inflação (Aqui no Brasil).

Por Rafael Cope de Lemos