Por Rafael Cope de Lemos
Depois de uma Semana Volátil e cheia de expectativas quanto as eleições, o Ibovespa fecha em alta de 2,20% na sexta-feira(30/09/22), dando início ao último trimestre do ano com um pontapé positivo, indo na contra mão do Mundo; dólar fica estável no dia, mas sobe no mês.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou setembro no verde, com leve alta de 0,47%. O forte avanço de 2,20%, levou o benchmark aos 110.036 pontos e o salvou de fechar o mês em queda, descolando-o, ainda, das tendências vistas no exterior.
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, nesta sexta, 1,71%, 1,51% e 1,51%, respectivamente. No mês, as quedas acumuladas foram, na mesma sequência, de 8,68%, 8,91% e 9,66%.
“No contexto global, os mercados em setembro continuaram o movimento de queda, levando seus índices a revisitar as mínimas do ano”, diz Roberto Chagas, head de renda variável da EQI Asset. “O aumento de 75 pontos-base da taxa de juros americana, apesar de amplamente esperado, veio com um comunicado do Federal Reserve em tom mais duro, levando investidores a projetarem uma taxa terminal mais alta”.
O anúncio de alta da fed funds, no dia 21, e as falas de Jerome Powell acabaram por enfraquecer a visão de que a autoridade monetária americana conseguiria frear a inflação sem, necessariamente, implementar uma recessão na maior economia do mundo.
Antes disso, dados de inflação mais altos do que o esperado, também nos EUA, já haviam baqueado a confiança dos investidores.
Fora o que foi visto nos Estados Unidos, o especialista da EQI Asset também destaca que as altas de juros na Europa, bem como a crise energética que esse continente enfrenta, e notícias provindas da China também minguaram o otimismo.
Tudo isso acabou fortalecendo o dólar frente às demais moedas no mundo. O DXY, que mede a força da divisa americana frente a outros de países desenvolvidos, saiu da faixa dos 108 pontos para negociar nos 112,12 pontos.
Frente ao real, o dólar, nesta sexta, perdeu 0,02%, negociado a R$ 5,395 na venda e a R$ 5,394 na compra. No mês, no entanto, a alta acumulada foi de quase 3%,
Ibovespa registra diferenças entre setores
O Ibovespa, apesar do pessimismo mundial, conseguiu fechar setembro no verde com a ajuda de certos setores da economia.
As construtoras foram destaques no mês – as ações ordinárias da Cyrela (CYRE3) subiram 29,59%, sendo a principal alta do índice, seguidas das da MRV (MRVE3), com mais 22,86%. A EzTec (EZTC3) também teve suas ações ordinárias no top cinco, com mais 17,61%.
As 5 maiores altas e as 5 maiores baixas do Ibovespa no mês de setembro
Maiores altas
Cyrela (CYRE3): alta de 29,59%
MRV (MRVE3): alta de 22,83%
Cogna (COGN3): alta de 18,54%
Eztec (EZTC3): alta de 17,60%
Yduqs (YDUQ3): alta de 17,38%
Maiores baixas
IRB (IRBR3): queda de 32,92%
Marfrig (MRFG3) queda de 24,63%
BRF (BRFS3): queda de 18,99%,
São Martinho (SMTO3): queda de 20,62%
CVC (CVCB3): queda de 17,69%
Para agosto, eleições e dados da inflação são destaques.
Para o décimo mês do ano, analistas afirmam que um dos destaques ficará para o resultado das eleições.
“Fica difícil traçar um cenário para juros, câmbio e Bolsa sem o resultado das eleições ou de, ao menos, uma prévia”, afirma Nicolas Merola, analista da Inv. “Caso ela não termine domingo, se tivermos segundo turno, o resultado do primeiro turno será muito importante. Ficamos, um pouco, com as mão atadas neste ponto”.
Fora isso, o especialista afirma que dados de inflação, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, continuarão em foco.
“Já recebemos, no Brasil, algumas atualizações, e os dados de inflação, aparentemente, estão melhorando bem. Acredito que esse movimento de melhoria pode continuar e pode fazer com que o temor de juros mais altos por muito tempo, ceda”, comenta Merola.
Um alívio na curva de juros brasileira, no entanto, dependerá, justamente, de como serão as sinalizações dos próximos presidentes, ou dos candidatos no caso de ir para o segundo turno, no âmbito fiscal.
As movimentações no exterior, no caso de a inflação americana continuar alta, também tendem a pressionar os ativos brasileiros.
Bolsas mundiais começam mistas último trimestre do ano.
Os índices futuros dos Estados Unidos operam mistos nesta segunda-feira (3), após o mercado a vista encerrar outro trimestre negativo e o S&P 500 e o Dow Jones atingirem o menor patamar desde março de 2020.
A inflação alta e a intenção do Federal Reserve (Fed) de conter a elevação dos preços, independentemente do que isso signifique para a economia, provavelmente continuarão a pesar nos mercados.Em indicadores, os dados de fabricação do Markit PMI e ISM devem ser divulgados nesta segunda-feira, juntamente com os gastos com construção.
Na Ásia, a maioria dos mercados fechou no campo negativo, com Hang Seng, de Hong Kong, atingindo os níveis mais baixos em 11 anos. Os mercados da China estão fechados para o feriado da Golden Week, e o mercado da Coreia do Sul também está fechado.
As ações da Europa também operam em baixa, seguindo o sentimento negativo observado na Ásia-Pacífic e com o nervosismo do mercado sobre a posição de capital do Credit Suisse persistindo após um aumento nos swaps de crédito.
No Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) vão disputar segundo turno na eleição para presidente, o que confirmou a polarização observada ao longo da disputa, mas não as expectativas de parte da campanha petista, que acreditava na possibilidade de vitória de Lula já em primeiro turno. O segundo turno será realizado daqui a quatro semanas, no último domingo de outubro, dia 30. O pleito definirá se Bolsonaro será reconduzido para mais um mandato de quatro anos ou se Lula voltará ao Palácio do Planalto após 12 anos.
Além das eleições presidenciais, o Congresso Nacional também sofreu uma significativa renovação, com destaque para as bancadas de direita na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em especial o próprio PL e o União Brasil e com a exceção da federação PT-PV-PCdoB.
AGENDA DO DIA – 03/10/2022
- 8:25: Banco Central divulga pesquisa Focus
- 15:00: Total de importação de set., est. US$ 25500 mi, ant US$ 26675 mi, revisado US$ 26679 mi
- 15:00: Total de exportações de set., est. US$ 30500 mi, ant US$ 30840 mi, revisado US$ 30785 mi
- 15:00: Balança comercial mensal de set., est. US$ 4800 mi, ant US$ 4165 mi, revisado US$ 4107 mi
- 11:30: BC faz leilão para rolagem de contratos de swap cambial
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