Passar os meses divididos entre aqui e lá é parte comum da rotina de Helton Manini, 27 anos, o tatuador vive em temporadas. Sua agenda é dividida entre clientes da região, que são atendidos em um estúdio particular em Rio Preto, clientes de São Paulo, que são atendidos em estúdios parceiros da capital, além de outras localidades em situações esporádicas, como Curitiba. Ele também já recebeu convite para visitar Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. O artista, nascido em Mirassol, recebeu-me em um dia de inverno, que até rendeu, é claro, uma sessão de tattoo.

Durante o bato papo ele compartilhou sobre como é o cotidiano dele como tatuador e o porquê de considerar o próprio trabalho como seu estilo de vida. O Manini utiliza geometria e pontilhismo em suas criações, no estúdio, a maioria de seus clientes o deixam à vontade para desenvolver a arte. Ele conta que essa é sua parte preferida do trabalho. O tatuador gosta muito de criações em “Free Hand”, que em tradução significa mão livre, são aqueles desenhos feitos a mão e desenvolvidos na hora, com uma caneta de marcação corporal. Em seu trabalho, ele mescla o estilo com decalques, usando carimbo para transferências de padrões geométricos e mandalas. Somente depois desse processo é que as gravuras são eternizadas no corpo.

O estilo costuma ser um pouco mais demorado para desenvolver, pois envolve um processo que se inicia na troca de ideias com o cliente, depois passa para a execução e aprovação e somente no fim disso tudo é que a agulha entra em movimento.

Manini se define como um profissional “nômade”, ele já chegou a ter o próprio estúdio e a atuar em outros, mas a rotina fixa em apenas um local e o horário de trabalho acabaram indo na contramão da sua proposta como profissional.

“É importante a tatuagem, só que a vivência por trás dela é tão interessante quanto e aí se você fica muito tempo em um lugar só, naquela rotina, acaba não vivendo tudo que a arte corporal pode oferecer, que é ter contato com outros artistas, clientes e lugares.”

Manini. 

Para entender sobre seu estilo de vida atual, é preciso voltar um pouco no tempo e isso nos leva até o ano de 2016, quando tudo começou. Após trabalhar em um estúdio de Mirassol como Body Piercing, Manini decidiu montar seu próprio negócio, foi neste período que ele mergulhou nos estudos sobre perfurações, mesma época em que conheceu sua atual companheira de vida, de profissão e também de estrada – Bruna Lujan – que já era certificada na área e lhe ensinou muitas coisas. Com as ideias alinhadas e buscando objetivos parecidos, os profissionais foram conhecendo outras pessoas que atuavam na área, compartilhando conhecimentos e também aprendendo.

Pouco tempo depois o profissional foi trabalhar juntamente com a companheira, no Lujan Tattoo & Piercing, que funcionava em Rio Preto. Foi nessa época que Manini começou a se dedicar mais aos desenhos e descobriu o estilo com o qual mais se identificava. Dois anos depois ele começou a tatuar, ganhando espaço no mercado.

Com o passar do tempo, a responsabilidade de administrar um negócio passou a pesar no dia a dia, tanto para ele quanto para Bruna, que também é tatuadora, ela é especializada em criações ornamentais e também utiliza free hand. Isso fez com que os dois profissionais tomassem a decisão de finalizar as atividades como administradores do próprio negócio para disporem de mais tempo para investirem em conhecimento. Os primeiros intercâmbios realizados pela Bruna e pelo Manini foram em estúdios da cidade, entre eles o Dragons Tattoo e o The Colors Tattoo, período que ambos destacam como de fundamental aprendizado.

“Nós fomos adaptando o modo que nós atendemos, tendo contato com outros tatuadores e vendo que alguns tatuadores seguem para o lado mais underground da profissão, então isso é interessante, foi quando a coisa aconteceu. Nisso eu também já estava conciliando o desenho em pontilhismo com o piercing. Foi só depois de dois anos que eu fui fazer minha primeira tattoo, suei pra caramba, tremi pra caramba. Foi uma mandala, feita no peito de um amigo tatuador, foi doideira”, conta Manini.

Foi neste período que o casal passou a viajar mais a trabalho, principalmente quando o The Colors Tattoo inaugurou uma unidade no litoral. À época, os dois passaram uma temporada na praia de Boiçucanga, em São Sebastião-SP, fazendo aquilo que mais gostavam. O período ajudou a confirmar algo que os dois já estavam em busca – é possível viver a tatuagem e as artes corporais como estilo de vida.

“Depois que nós entramos no The Colors a coisa fluiu, recebemos convites, a gente já ia pra São Paulo, mas voltávamos em poucos dias, aí começamos a ir também para o litoral, porque o estúdio também abriu lá. Fomos para Boiçucanga e foi demais. Acho que o Lifestyle do tatuador é esse, ficar andando e trocando ideia, se moldando a partir de ideais diferentes, cultura diferentes, tipo você se moldar. Isso é mais uma lixada na peça que está sendo construída. Isso muda tudo, você vai vendo posturas, ideias e vai se moldando”, complementa o tatuador.

O Manini continua aplicando piercings e tatuando e a Bruna, além de tatuadora, também realiza artes com a verdadeira Henna, um material importado feito a partir do extrato de uma planta de origem indiana, chamada Lawsonia Inermis – própria para aplicação no corpo. O talento dela é reconhecido não somente na região, mas em todos os lugares por onde passa. Sua principal clientela são as grávidas, já que o material não é tóxico e não possui contraindicação.

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Manini Blackgeo

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Bruna Lujan

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Confira a agenda dos artistas Manini e Bruna:

11.09 e 12.09 – Curitiba – @artforyouoficial
14.09 e 15.09 – Porto Alegre – Workshop @ibrahimbarboza
20.09 a 05.10 – São José do Rio Preto – Ateliê Privado