O nome dela é Dara Cristina Matias dos Santos, ela tem apenas 21 anos, é natural de Pirapora do Bom Jesus-SP, mas está em Mirassol há nove anos e foi aqui na cidade que ela descobriu sua paixão pelo Jiu-Jitsu. Muito antes da arte marcial ela ingressou no esporte, jogava vôlei no colégio e foi através da prática esportiva que pode traçar para si uma nova perspectiva de vida.
Filha do pedreiro Gildo dos Santos e da doméstica e cozinheira Orminda Carmo de Oliveira, Dara explica que sua infância foi difícil, de origem pobre a família passou por várias cidades para encontrar melhores condições e durante o período de adaptação ela e a irmã gêmea ficavam com parentes até que os pais se estabelecessem. Chegou a vender sorvete para ajudar nas despesas de casa.
Ela conta que apesar de todas as dificuldades conseguiu concluir os estudos e vislumbra uma trajetória para melhor através do esporte. A atleta pratica Jiu-Jitsu há dois anos e hoje, determinada sobre seu objetivo, ela está em busca de patrocinadores para poder representar a cidade em competições Brasil afora.
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Leia o relato completo de Dara:
Desde muito cedo minha família teve que desdobrar-se para conseguir criar todos nós. Éramos em cinco e com muito suor, com muito trabalho e com muita dignidade meus pais conseguiram dar educação pra gente sem nunca deixar faltar comida na mesa e fé em Deus, fé num futuro melhor.
Ainda assim quando eu tinha mais ou menos uns dez anos eu e minha irmã Sarah saímos às ruas pra vender sorvete, empurrando um carrinho o dia inteiro, debaixo de sol, para ganhar alguns trocados e poder ajudar nas despesas de casa.
O tempo foi passando e meu pai viajando atrás de serviço, minha mãe trabalhando em dois ou três empregos diferentes, eu e minha irmã gêmea por vezes os acompanhávamos nas mudanças de cidade em cidade atrás de melhores condições, ora ficávamos morando temporariamente com alguma irmã ou parente que pudesse nos acolher até que a poeira abaixasse.
Mesmo com todas essas dificuldades conseguimos terminar os estudos regulares do ensino médio e já nessa época vislumbrávamos uma trajetória, uma possibilidade de melhorar nossas vidas através do esporte.
Foi durante os anos de colégio que descobri meu amor pelo vôlei e por tempos me dediquei a isso. Cheguei a disputar, além dos jogos escolares e regionais, campeonatos de envergadura estadual. Mas infelizmente o esporte na nossa região não tem a valorização que deveria ter: com dificuldades financeiras para conseguir continuar treinando e, juntando a isso a falta de incentivo, acabei abandonando uma carreira que, modéstia à parte, eu tinha futuro.
Mas não me arrependo por ter abandonado o vôlei por que foi durante uma das últimas partidas que fiz que recebi o convite do meu professor, Fabrizio Lemos, para conhecer a academia dele e, mais especificamente, o dojô de jiu-jitsu: foi amor à primeira vista.
Me empolguei com a “arte suave” e comecei a dedicar-me de corpo e alma à prática dessa luta milenar. Hoje faz apenas dois anos que eu estou treinando e tenho a certeza de que enquanto tiver forças jamais abandonarei o jiu jitsu e jamais esquecerei os ensinamentos que esse esporte pôde me proporcionar.
Graças ao Jiu Jitsu eu tive disciplina suficiente para não cair no mundo das drogas, das más influências, da bebida e até mesmo do crime porque nossas dificuldades financeiras eram mesmo muito acentuadas e embora toda a educação que eu tive dentro da minha família as tentações eram grandes.
Hoje eu me dedico todos os dias para poder retribuir ao jiu jitsu aquilo que ele me proporcionou. Em menos de dois anos fui merecedora da faixa azul e já lutei em mais de 10 cidades diferentes por todo o estado de São Paulo conquistando 26 títulos, inclusive o Campeonato Paulista. Atualmente estou invicta. Eu sei que tenho que me dedicar aos estudos pois estou cursando o segundo período de educação física, mas mesmo assim tracei como meta para 2018 trazer o título do campeonato brasileiro para Mirassol.
Evidentemente, encontro dificuldades também nesse aspecto pois os campeonatos são longe e os custos são altos. Eu não tenho como pagar com a minha remuneração de estagiária as despesas com viagem, estadia e inscrição. Por isso, além da batalha diária dos treinos pesados, travo uma batalha duríssima para conseguir patrocinadores. Contudo, por outro lado, sei que essa é só mais uma batalha a ser lutada e, se Deus quiser, a ser vencida. Perder faz parte, mas desistir, jamais.