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Cardiopediatra alerta para risco da miocardite fulminante em bebês com Covid-19

A miocardite fulminante é uma manifestação rara da Covid-19, mas à qual recém-nascidos, bebês e crianças estão sujeitos. “O vírus atinge o coração, provocando uma inflamação grave, que consome o músculo cardíaco, simulando um ‘infarto gigante’ e o resultado pode ser devastador”, alerta a cardiologista pediátrica Danielle Dantas, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares – IMC, de São José do Rio Preto.

De maneira geral, a forma aguda da doença viral causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) se apresenta com pouco ou nenhum sintoma, na maioria das crianças, mas as manifestações tardias da resposta imune do organismo à presença do vírus podem ser catastróficas, como conta a médica:

“Numa madrugada fria, um bebê de dois meses chegou ao hospital em estado gravíssimo, com uma pré-parada cardíaca. Os médicos logo confirmam que os pais haviam sido contaminados pelo novo coronavírus semanas atrás. O vírus também foi encontrado nas vias aéreas do pequeno paciente. O coração estava inflamado e muito debilitado. Para sobreviver, foi necessário o uso de aparelho de ventilação mecânica e de medicações para ajudar o coração a bater. Os rins também foram afetados, o que demandou a realização de diálise. Ele recebe muitos antibióticos e foi submetido a três cirurgias. Foram necessários 109 dias de internação, numa luta diária pela sobrevivência. Felizmente, ele conseguiu sobreviver”.

A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), condição nova e diretamente ligada ao novo coronavírus, acomete 0,6% das crianças. “É muito importante que as pessoas conheçam os sintomas para, se possível, identificá-los precocemente, porque existe tratamento que, se efetuado a tempo, minimiza os riscos”, ressalta Danielle.

Os sinais começam a aparecer cerca de duas semanas depois de a criança ter a Covid-19 ou ter tido contato com alguém que foi infectado. O quadro clássico apresenta febre alta, conjuntivite, língua inchada e vermelha, lesões vermelhas no corpo, diarreia, náusea, vômito e mal-estar. “Outros sintomas são convulsões, abdome agudo e choque cardiogênico”, acrescenta a cardiologista pediátrica do IMC.

O grande problema dessa síndrome é que, se não identificada, acomete o coração da criança podendo gerar aneurisma na coronária e miocardite, levando à morte. “Sinais de alerta como febre persistente, falta de ar, dificuldade para mamar, ruídos ao respirar e extremidades roxas (cianose) devem ser valorizados”, salienta Danielle.

Nas crianças com quadro clínico de Covid- 19, especialmente em casos mais grave e internados no hospital, é recomendada a avaliação da função e anatomia cardíaca. Nas crianças maiores e adolescentes que praticam atividade física competitiva, o check-up cardiológico é essencial antes do retorno às atividades habituais. É feito pelo cardiopediatra através de exame físico, associado a complementares como eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma, holter e teste ergométrico.

Cardiopediatra Danielle Dantas, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares – IMC, de São José do Rio Preto.
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