O número de casos de sarampo caiu 99,5% no Estado de São Paulo desde o ano passado, graças às estratégias de imunização contra a doença e como consequência do uso de máscaras e demais medidas sanitárias adotadas no decorrer da pandemia para prevenção contra a COVID-19, também transmitida por via respiratória.
Em 2021, até o dia 10 de agosto, houve cinco casos de sarampo – São Bernardo do Campo, Campinas, Americana, Altinópolis e Capital. Todos ocorreram em crianças, sendo dois casos na faixa de 6 a 11 meses, quando a aplicação da vacina tríplice viral deve ocorrer. Os outros três ocorreram na faixa de 1 a 9 anos, que também pode receber as doses caso não tenham sido contempladas quando bebês. Nenhum deles tinha esquema vacinal completo e havia histórico de comorbidades.
Os dados deste ano demonstram a queda abrupta do sarampo em SP. Em 2020, até 10 de agosto, foram 772 casos e 1 óbito. No decorrer de todo o ano, houve 883 casos, com presença em todas as regiões do estado. Desse total, 354 casos tinham sido em crianças menores de 9 anos (40%), e o único óbito registrado foi também nesta faixa etária.
O balanço do ano passado demonstra ainda os resultados importantes da intensificação da vacinação deste público, que resultaram na queda na prevalência da doença entre o público de 1 a 29 anos. Este grupo totalizou 338 casos (38% dos registrados em 2020), contra 80% em 2019, quando a circulação chegou ao pico em SP.
Naquele ano, houve um total de 17.976 casos e 18 vítimas fatais, e as pessoas de até 29 anos respondiam por 80% dos infectados e 61% dos óbitos. Campanhas de imunização foram realizadas com foco na população ainda não adequadamente imunizada com essa faixa etária, e resultaram em 4,7 milhões doses aplicadas. O mesmo ocorreu em 2020, com 2 milhões de aplicações nesse público.
A infecção pelo sarampo ocorre por meio de gotículas de saliva com partículas do vírus dispersas em aerossol, que favorecem a transmissibilidade – cada infectado pode transmitir para até 18 pessoas. Deste modo, o uso de máscaras de proteção facial, obrigatórias no Estado de São Paulo, o isolamento social e o incentivo à higienização das mãos e ambientes contribuiu para a redução também do sarampo”, analisa a médica de Divisão de Imunização, Helena Sato. A vacina contra a doença está disponível no Brasil desde a década de 1960.
Nos últimos anos, os índices de cobertura vacinal em crianças com até 12 meses, período recomendado para fechamento correto do ciclo vacinal, têm ficado abaixo do necessário – a cobertura foi de 85% em 2020, e de 91% em 2019.
“A meta da cobertura vacinal contra o sarampo é de 95%. Assim como ocorre com outras doenças, somente a conclusão do esquema vacinal é capaz de garantir a devida proteção. Por este motivo, pais ou responsáveis devem continuar levando as crianças aos postos de vacinação para proteção contra as doenças prevenidas pelas vacinas, e aqueles que não tomaram todas as doses necessárias na faixa etária adequada, também precisam se vacinar” esclarece Sato.
A vacina tríplice viral (primeira dose) previne contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a tetra viral é aplicada na sequencia (funcionando como uma segunda dose), e esta também previne a varicela. Ambas fazem parte do calendário de rotina, ou seja, estão disponíveis nos postos de vacinação durante o ano todo.
Além de ser altamente transmissível, o sarampo pode evoluir para casos graves e ocasionar complicações sérias, como pneumonia, encefalite e óbito. A pessoa infectada pode apresentar tosse, coriza, olhos inflamados, dor de garganta, febre e manchas avermelhadas na pele.