O Correio de Mirassol lançou um selo em homenagem ao mirassolense Diego Roberto Caneira, estudante de administração que foi vítima de um acidente de carro em 2007, aos 20 anos. O convite, feito por Paulo Oliveira, que é colaborador nos Correios, foi uma grata surpresa para a mãe Rosely Maria Nardi Caneira, uma forma de manter o filho vivo na memória e na lembrança dos amigos e familiares.
Em contato com o Mirassol Conectada, a moradora compartilhou sobre a história de Diego:
“Eu tinha um sonho em ter três filhos, daí veio a Priscila, a Pâmela (que não podia ficar entre nós e se foi), mas ainda não estava completa, eu queria três e lá foi o Diego pedir para ser meu filho. Ele nasceu no dia 13/02/1987, às nove horas da manhã e encheu meu coração de mãe. Estava eu, mãe de três anjos, três razões de me fazerem forte e ir em frente. Diego sempre com seu sorriso e a grandeza de fazer todos em sua volta sorrir. Sempre fazendo amigos com muita facilidade. Alegre, amigo e brincalhão.
Aos cinco anos foi descoberto que ele tinha um problema de saúde chamado púrpura, no qual as plaquetas caem muito rapidamente acarretando em hemorragia, que por sorte no caso dele era nasal. O tratamento seria ao longo da vida, mas aconteceu de no mesmo ano a hemorragia não estancar e “lá vamos nós” para o hospital, cordões e cordões de sangue saíam por suas narinas.
Os médicos e enfermeiros estavam constantemente no quarto, para os profissionais naquele momento ele estava bem próximo da morte. Sem saber, eu conversei com Deus e Nossa Senhora prometendo ajudar a quem ele quisesse, mas seria da forma que o Diego quisesse. Foi aí que a hemorragia parou e todos ficaram assustados, pois pela medicina não teria como.
Diego com seus cinco anos, quis que eu desse comida às crianças. “Mãe, tem que ver certo para quem dar, só quem realmente precisar.” E, lá foi ele entregar cestas básicas para as crianças necessitadas. A alegria e as brincadeiras eram sempre com ele, um menino de luz e um coração imenso.
Na escola, ele estava sempre com seus amigos, tudo correndo normalmente, mas sempre fazendo exames para verificar as plaquetas, que por sua vez apresentaram resultados cada vez melhores, dentro da normalidade.
Aos onze anos conheceu a Lígia e ambos perceberam que seria algo além da amizade e assim foi, às vezes longe um do outro, mas com uma ligação, não conseguiam ficar sem se falar.
Diego não era muito de abraçar, mas beijos, como ele gostava! Já um homem alegre, com 1’83 metros de altura, chegava pelas minhas costas me abraçando e dizia “quero ver se minha baixinha está igual ou baixou um pouquinho”, com seu queixo no meio da minha cabeça e logo depois me oferecendo um lanchinho que ele mesmo fazia.
Meu companheiro, amigo, gostava muito de música alta, assim como eu, e de vídeo game. Estava sempre rodeado da família e dos amigos, era como gostava de estar. Via a Priscila não apenas como sua irmã, mas como sua amiga, sua riqueza era tê-la como irmã.
Tudo era alegria, mas dia 21/06/2007, lá estava ele comendo um lanche com uma amiga, em frente à faculdade, onde estava cursando administração. Surgiram dois amigos o chamando para levá-los na Festa do Peão de José Bonifácio, ele não queria ir, mas com a insistência dos dois acabou cedendo. Ele acabou levando mais um amigo que também não queria ir e acabou cedendo ao pedido dos amigos. Antes de saírem, ele ligou para mim dizendo que iria chegar um pouco mais tarde.
Quando estavam mais ou menos perto do trevo de Jaci, o Thiago (o amigo que também não queria ir), estava no banco de trás, pediu para que o Diego aumentasse o volume, pois adorava aquela música. Diego então foi aumentar o volume e o colega ao lado do Thiago bateu no ombro do Diego dizendo que o carro estava saindo da pista, no susto ele puxou o volante de uma vez e foi aí que o carro capotou, abrindo o cinto do Diego e jogando-o no asfalto, com o arremesso ele acabou batendo a cabeça com muita força.
Logo veio a notícia do acidente, lá estava o Diego desacordado, com traumatismo craniano e em coma induzido. E assim foi durante seis dias, ia vê-lo duas vezes ao dia, mesmo desacordado, quando eu falava com ele o aparelho acusava que ele estava me escutando. O Thiago se foi ao amanhecer do dia 22, já com os outros dois nada aconteceu, nem mesmo no carro ao lado deles.
No dia 28 de junho de 2007, na segunda visita na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), percebi que algo estava pior, mas ainda tinha esperança, o que não aconteceu, mais tarde lá vem minha irmã dizendo ” Acabou Li”. Agradeço a todos que não nos deixaram sozinhos e rezaram conosco para que o melhor acontecesse. Não foi possível.
Minha vida desabou, mas todo ano no aniversário de sua morte eu continuo e assim é, enquanto Deus me permitir, vou à missa e dou o único presente real que posso dar a ele, que é a hóstia, sei que ele a recebe. Apesar de dois dos meus filhos estarem com Deus, sou “feliz” pois tenho três filhos maravilhosos e um neto que é só alegria.
De repente, o Paulo do Correio, meu amigo, veio me perguntar se eu queria fazer uma homenagem ao meu filho, colocando-o no selo. Fiquei maravilhada, comentei com a família e os amigos sobre o selo, todos gostaram. Assim pedi para fazer e estarei enviando para todos os que não esqueceram do sorriso do Diego, o amigo de toda hora.
Obrigada a todos que ainda têm meu filho em suas lembranças. Rosely Maria Nardi Caneira, 17 anos de pura saudade. Que Deus abençoe a todas as mães que perderam seus filhos e que saibam, eles continuam vivos com vocês no coração. Um dia de cada vez, assim vivo.”