Grupo afirma que foi vítima de golpe aplicado por família de Mirassol

 

O que parecia ser um investimento com retorno financeiro rápido e alto se tornou um pesadelo para investidores de todo o Brasil, que agora buscam na justiça o direito de reaverem o dinheiro perdido. Um grupo formado por cerca de 50 pessoas está acionando a justiça, além de registrar ocorrência na Polícia Federal, após perder dinheiro ao ingressar no “Projeto Optron”, que era administrado por moradores de Mirassol e prometia a rentabilização dos ganhos com uma rentabilidade mensal acima de 20%.

A empresa era gerenciada por pai e filho – C.T. e C.T.J., e envolvia também outros dois nomes da família, ambos apresentados como traders. O negócio era divulgado por um Youtuber carioca, que era sócio do projeto e responsável pela divulgação e captação de investidores.

Um dos investidores que foi prejudicado pelo negócio, morador de São Paulo capital, procurou o Mirassol Conectada para realizar a denúncia, uma vez que os idealizadores do projeto são moradores da cidade. Ele conta que perdeu em torno de 9 mil reais, mas que no grupo na qual ele faz parte há pessoas que chegaram a perder 80 mil reais.

A cópia da ocorrência, registrada por alguns investidores e enviada ao Mirassol Conectada, explica que o negócio girava em torno de operações no mercado FOREX. “Os investidores sempre estiveram seguros da solidez e legalidade do negócio, sendo sempre tranquilizados sobre o risco do negócio, tendo o projeto o senhor C.T. à frente de tudo, onde mantinha contato com os investidores periodicamente e de forma organizada, se apresentando inclusive como pastor da Igreja Assembleia de Deus- Ministério do Belém localizada em Mirassol, fato que passava mais segurança e confiabilidade a todos”, explica um dos investidores em um trecho da ocorrência.

No primeiro mês de investimento, o projeto rendeu ganhos para todos os envolvidos, obtendo um lucro de 37,80%, o que fez com que houvesse uma alta na procura por parte de novos investidores.

Contudo, em 28 de agosto de 2020 a história começou a mudar. Os investidores, que já totalizavam cerca de 700 pessoas na época, foram surpreendidos com a informação de que uma das contas do projeto havia sido bloqueada. A justificativa para o referido bloqueio foi dada posteriormente, sob a alegação de que diante da grande movimentação bancária e o não recolhimento de impostos a instituição bancária havia tomado a medida e que estariam resolvendo administrativamente.

Um dos investidores, conta que, desde então, passados mais de um ano do tal “bloqueio”, os gestores não apresentaram qualquer resposta plausível e provas do que realmente ocorreu, faltando com transparência: “lembrando que sempre garantiram que em caso de qualquer problema o aporte raiz seria devolvido de imediato”, completa.

Já no final de 2021, os investidores foram surpreendidos novamente com outra versão, sendo informados de que não havia nenhum dinheiro a ser desbloqueado e que o que tinha acontecido era que o negócio havia “quebrado”.

“Ele enviou um áudio aos investidores, contradizendo todo discurso feito ao longo de mais de um ano, informando que o negócio quebrou e que não havia nenhum dinheiro a ser desbloqueado, que havia perdido tudo, sendo uma das causas a pandemia”, diz um dos investidores.

Até o presente momento, nenhuma medida administrativa judicial foi apresentada aos investidores para reaver o dinheiro.

Em contato com o escritório de advocacia da defesa, o Mirassol Conectada recebeu a seguinte resposta:

“Nossos clientes repudiam veementemente as alegações de golpe ou má-fé. Em síntese, foram feitos investimentos em mercado financeiro e como em qualquer negócio risco, houve lucro, mas em determinado momento sobreveio o revés, que infelizmente, acabou maculando as operações. Na medida do possível, os investidores (e não vítimas) já estão sendo ressarcindo. Existe um grupo em aplicativo onde todos que os procuraram puderam ter acesso aos planos de pagamento. O que aconteceu tem a ver com a natureza do negócio praticado. O risco é inerente a esse tipo de operação”, finaliza a resposta do advogado.

Investidores apontam pré-meditação por parte dos gestores da Optron

Na ocorrência, os investidores apontam alguns acontecimentos que geraram a suspeita de que as atitudes dos gestores da Optron foram premeditadas. A primeira delas foi a saída do youtuber da sociedade, sem motivo, meses antes do alegado bloqueio da conta. Outro fato foi que após o referido bloqueio apenas o senhor C.T.J. assumiu a responsabilidade, isentando os outros envolvidos.

Outras questões levantadas na ocorrência registrada pelo grupo estão:

Pedras preciosas

C.T.J afirmou que está em posse de pedras brutas esmeraldas e que após a lapidação e venda das mesmas o valor seria o suficiente para pagar o saldo devido a cada envolvido, os investidores pediram a devida prova e documentação validavalor este estimado em 25 milhões de Reais.

Lavagem de dinheiro

Os investidores também apontam que parentes próximos aos administradores da Optron abriram empresas durante o período em que os mesmos alegaram ter quebrado. “Logo, há indícios de desvio de dinheiro, utilizando se os chamados “laranjas” o que merece uma investigação”, registraram em ocorrência.

Os prejudicados buscam na justiça a apuração dos seguintes crimes: estelionato, organização criminosa, crime contra a economia popular, evasão de divisas, contrabando de pedras preciosas, lavagem de dinheiro e prevaricação.