Mirassol Conectada

Mãe de Mirassol faz apelo após bebê enfrentar UTI por erro de diagnóstico: “Minha filha podia não estar aqui”

Natália Batista ao lado da filha Ravila (foto: arquivo pessoal)

O caso de uma moradora de Mirassol tem levantado um alerta urgente sobre a qualidade do atendimento oferecido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município. Após dias de idas e vindas, diagnósticos divergentes e ausência de exames adequados, uma bebê de apenas 8 meses acabou sendo internada em estado grave no Hospital da Criança e Maternidade (HCM), em São José do Rio Preto, onde finalmente recebeu o diagnóstico correto: pneumonia e presença de líquido no pulmão.

Foram 19 dias de internação, sendo 12 deles na UTI e cinco entubada, até que ela pudesse voltar para casa. A mãe, Natália Cássia Batista de Oliveira, de 36 anos, agora faz um relato e um apelo emocionado às autoridades de Mirassol.

O relato de Natália

“Eu nunca imaginei que viveria algo assim. Cheguei com a minha filha, Ravila Batista de Oliveira Calijuri, de apenas 8 meses, na UPA por volta das três da manhã. Ela estava com crise respiratória e uma febre de 39 graus. Ficamos esperando até que, às sete horas, fomos transferidas para Rio Preto para que ela fosse atendida.

No fim de semana anterior, já tínhamos procurado atendimento no sábado, no domingo e na madrugada de domingo para segunda. A cada vez, me diziam uma coisa diferente. Um médico anotou no prontuário que era bronquite aguda. Outro disse que era influenza. E, mesmo diante da dificuldade respiratória, ninguém investigou mais a fundo.

A minha indignação começa aqui: a Ravila foi tratada como se tivesse bronquite, e aplicaram nela uma bombinha de asma, Aerolin: um medicamento forte, que acelera o coração, e que não deveria ser dado daquela forma para um bebê de 8 meses. A crise até passava, mas voltava rapidamente. Eles fizeram raio-x e disseram que estava limpo. Mas não estava.

O que minha filha tinha, na verdade, era pneumonia e água no pulmão. Isso só foi confirmado quando chegamos ao Hospital da Criança e Maternidade, em São José do Rio Preto. Lá, ela recebeu o atendimento correto, mas já estava muito fraca. Foram 19 dias de internação, 19 dias vendo minha bebê lutar para respirar, 19 dias que poderiam ter sido evitados se tivessem feito o diagnóstico correto desde o início.

Hoje, graças a Deus, ela está em casa. Está nos meus braços.
Mas ela poderia não estar aqui. E isso me revolta.

Eu quero justiça. Não por vingança, mas para que nenhuma mãe passe pelo que eu passei. Para que nenhum profissional trate um bebê como um caso simples, sem exames, sem atenção, sem cuidado. Para que nenhuma família dependa da sorte ou da insistência de uma mãe desesperada para conseguir salvar um filho.

Peço às autoridades de Mirassol: fiscalizem esse atendimento, olhem para o que está acontecendo, garantam que exames sejam feitos, que protocolos sejam seguidos, que vidas não sejam colocadas em risco por negligência.

Eu consegui atendimento a tempo porque não desisti. Eu lutei pela minha filha.
Mas quantas mães não conseguem?
Quantas crianças não têm a mesma chance?

A Ravila sobreviveu.
Mas outras podem não ter o mesmo final.”

Natália Batista, moradora de Mirassol.

A Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Mirassol foi procurada pelo Mirassol Conectada para explicar como funciona a fiscalização dos serviços prestados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, já que o serviço no local é tercerizado e realizado pela empresa FACERES, mas até o fechamento do conteúdo não havia obtido retorno.

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