Mirassol 115 anos: conheça a história de Capitão Neves, o desbravador que fincou a cruz da fundação de Mirassol


Momento da fundação de Mirassol em ilustração no Museu Municipal (Foto: Rogerio Marcos Fernandes)

Joaquim da Costa Penha, mais conhecido como Capitão Neves, foi o sertanista e fazendeiro mineiro que liderou, ao lado de Vitor Cândido de Souza, a criação do povoado que daria origem a Mirassol (SP). Em 8 de setembro de 1910, os dois ergueram um cruzeiro na confluência de suas propriedades, marcando o nascimento de São Pedro da Mata Una, primeiro nome da cidade. A cena — repetida pela memória local e por documentos oficiais — é considerada o marco fundador do município.

Nascido em 7 de setembro de 1865, em Eloy Mendes (MG), filho de José da Costa Penha e Bernardina Maria Barbosa, Joaquim teve pouca instrução formal, mas registrou com zelo os passos de sua vida num diário. Parte desse acervo histórico é mencionada por pesquisadores e pode ser consultada no Museu Jesualdo D’Oliveira, em Mirassol.

Da Mata Una a Mirassol

Poucos anos após o cruzeiro, o povoado ganhou um novo nome. Em 1912, por proposta do próprio Capitão Neves, Mata Una passou a chamar-se Mirassol. A explicação mais difundida é dupla: com o avanço das derrubadas, “via-se melhor o sol”, e também porque uma moita de girassol inspirou a alcunha — “mira o sol”, diziam os espanhóis que viviam na região.

A ata da fundação, escrita pelo fundador

Embora “caboclo de poucas letras”, o Capitão Neves redigiu a ata da fundação de São Pedro da Mata Una em seu diário. O texto registra o 8 de setembro de 1910 como o “dia da fundação da nova povoação”, confirmando a tradição histórica local sobre o surgimento do núcleo urbano.

Um pioneiro de várias cidades

A atuação de Joaquim da Costa Penha extrapolou Mirassol. Ele foi um dos fundadores de Monte Azul Paulista (1897) e, já maduro, impulsionou a criação do vilarejo de Cantochão (1922), que se tornaria Neves Paulista. Por isso, é frequentemente citado como fundador de três municípios no antigo território rio-pretense.

Legado

A história oficial do município reconhece a coragem de Capitão Neves e de Vitor Cândido no desbravamento que transformou um pequeno patrimônio em cidade. A primeira missa, ainda numa capelinha, foi celebrada em 1912, em terras doadas por Modesto José Moreira, Vitor Cândido de Souza e Joaquim da Costa Penha — gesto que consolidou o traçado social e religioso da jovem Mirassol.

Linha do tempo essencial

1865 — Nasce Joaquim da Costa Penha, em Eloy Mendes (MG).

1897 — Participa da fundação de Monte Azul Paulista.

8 set. 1910 — Com Vitor Cândido de Souza, ergue o cruzeiro e funda São Pedro da Mata Una (Mirassol).

1912 — Propõe e emplaca a mudança do nome para Mirassol.

1922 — Funda o povoado de Cantochão/Vila Neves (hoje Neves Paulista).

Mais de um século depois, Mirassol continua a reverenciar o Capitão Neves como símbolo de iniciativa e liderança — um pioneiro que, com enxada, diário e fé, ajudou a desenhar o mapa do Noroeste Paulista.