Mirassolense participa de debate com o líder indígena Ailton Krenak

A professora mirassolense Beatriz Molina foi convidada pelo PIBID HISTÓRIA UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) a participar nesta sexta –feira (28.05), às 10h, de um debate que tem como tema “Resistências Indígenas – um Olhar Amplo” com o líder indígena Ailton Krenak. De acordo com os organizadores do evento, ele é atualmente uma das maiores lideranças que compõem o movimento indígena no território brasileiro, integrando a etnia Crenaque. Além de ambientalista, é filósofo, poeta e autor de obras importantes como “Ideias para adiar o fim do Mundo – 2019”, “O amanhã não está à venda – 2020”, e “A vida não é útil – 2020”.

“É um privilégio poder participar dessa conversa, não tem cabimento o tamanho do conhecimento que ele pode passar para todo mundo”, disse Beatriz. Ailton Krenak foi assessor especial do Governo de Minas Gerais nos assuntos indígenas entre 2003 a 2010, também participou da série transmitida pela Netflix “Guerras do Brasil” e do Especial da Globo “Falas da Terra”.

O diálogo será transmitido pelo Canal do Youtube do Pibid História e mediado por Bento Canevarollo. As inscrições são gratuitas e abertas a toda comunidade da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM e comunidade externa, bastando se inscrever pelo link  forms.gle/2CjSV5VHKu2eh2Ft5

A professora que recentemente teve artigo publicado na Revista Em Favor de Igualdade Racial  (Edição Maio – Agosto/2021) explica como surgiu seu interesse por estudar a luta indígena:

“Estudar a luta indígena é tentar entender um pouquinho sobre as nossas tradições pensando em um contexto aonde não haja tanta influência do outro. Se a gente tenta voltar a nós mesmos, se a gente tenta se entender, não tem porque não tentar entender e ter respeito com uma cultura que foi massacrada em um lugar onde nós vivemos. Há anos essa cultura só vem sendo mais massacrada. É aquela coisa: a gente não precisa ser negro para ser antirracista, a gente não precisa ser lgbtq para ser contra a homofobia, é a mesma coisa o caso indígena: não precisamos ser indígenas para ser a favor da luta indígena e contra o genocídio indígena. O que a gente vê é um genocídio indígena mesmo então quando comecei a estudar História e ver que as principais mortes e os principais casos problemáticos no Brasil partiram de uma influência europeia, meu interesse acabou aumentando em estudar a causa indígena e estudar principalmente agora a questão da educação. Vejo como a gente NÃO estuda os indígenas! Essa educação é muito falha porque se nós estudássemos os indígenas talvez algumas concepções, talvez alguns projetos que nós temos poderiam ser diferentes. Por exemplo, a gente entende que a riqueza, que a forma de ganhar, que tudo é a forma de quem tem mais e a gente não entende a Terra em si como uma entidade, a gente não tem um respeito pela Terra e a gente já viu a potência que a Terra tem de nos matar então se a gente pudesse pensar essa entidade respeitando-a talvez conseguiríamos ter lucro mas também ter respeito por ela, entende?

Quando eu comecei a estudar a causa indígena foi muito pelo fato de que eu achei incrível a forma como eles veem o mundo, incrível a forma que eles pensam no outro, em como eles agem com o outro. Quando a gente começa a ver o outro e vê semelhanças não tem porque a gente se igualar em coisas tão diferentes. Perdemos totalmente as línguas maternas do Brasil, a gente perdeu totalmente a nossa língua porque o outro chegou aqui e impôs a língua dele sendo que a gente já tinha uma língua aqui, a gente tinha cultura, a gente tinha tradição e simplesmente apagamos isso e fomos viver a do outro. Apagaram literalmente, essas pessoas foram e estão sendo apagadas até hoje… O sistema capitalista detesta a questão indígena, ele mata até hoje os indígenas. Os grandes latifundiários, os grandes donos de terras, donos gado e cana odeiam os indígenas justamente por ter uma questão de não ter um respeito, uma empatia e uma visualização da Terra como algo nosso, como algo que é de todos nós”, conta.

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