Murais Orgânicos: artista de Mirassol vai transformar os muros da Escola Bartyra em arte viva e ancestral


Lilian Gomes irá realizar o projeto em dezembro na escola municipal Bartyra em Mirassol (foto: arquivo pessoal)

Em dezembro de 2025, Mirassol será palco da culminância do projeto “Murais Orgânicos – Conexões Humanas em Própria Natureza”, que vem tomando forma no território da Escola Municipal Professora Bartyra Aquino de Noronha. A ação cultural, assinada pela artista visual Lilian Gomes, mergulha nas relações entre natureza, arte e pertencimento, transformando espaços escolares em expressões vivas de identidade e ancestralidade.

O projeto, fomentado pela Política Nacional Aldir Blanc (Pnab) 2023, do Ministério da Cultura em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de Mirassol, propõe muito mais do que murais: é um processo de reconexão. Em sua primeira etapa, Lilian irá realizar uma imersão no ambiente escolar, dialogando com alunos, professores e o próprio território, para, então, traduzir essas vivências em cores e formas inspiradas em elementos botânicos e orgânicos. A parte prática da pintura está marcada para acontecer nos dias 8 e 9 de dezembro.

A trajetória da artista reflete a mesma essência de suas obras. “Nasci artista”, define Lilian, que trocou São Paulo por Mirassol ainda na infância. Durante a pandemia, encontrou nas tintas e nas ervas um refúgio emocional e espiritual. “Eu me sentia presa, então comecei a pintar as paredes. A pintura orgânica foi me curando”, relembra. O contato com a natureza e as Danças Circulares Sagradas ampliou seu olhar, fundindo arte e espiritualidade em um mesmo gesto criativo.

Após um período de afastamento da cidade, marcado por um episódio de Burnout, a artista viu no “Murais Orgânicos” uma forma de reencontrar a si mesma. “Voltei para Mirassol e a Escola Bartyra me deu três grandes muros, três grandes telas. Esse lugar faz parte da minha história, da minha família, da minha infância. Foi um retorno gentil”, emociona-se.

O projeto prevê a criação de pinturas que nascem do contato direto com a natureza local, pigmentos e formas inspiradas em plantas, flores e texturas coletadas pelas próprias crianças da escola. A diretora, Gildete, celebra a iniciativa: “Um muro não é apenas um muro, é a cara de uma escola. É identidade. E a Lilian nos trouxe isso com muito carinho.”

Para Lilian, cada traço é mais do que arte: é memória e raiz. “É um retorno para casa, um gostar de si mesma. É uma marca da minha ancestralidade neste lugar, meus dons, minhas tintas, minha pintura… no muro.”