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Outubro Rosa: diagnóstico precoce que ajuda a salvar vidas

Quando a policial civil Adriana Cristina Hernandes, 48 anos, descobriu o câncer de mama, em meados de 2010, perdeu o chão. Ela que sempre teve uma rotina organizada e realizava exames anualmente entrou para as estatísticas de mulheres que desenvolvem a doença antes dos 50 anos.

Adriana em fase de tratamento, ao lado da filha Larissa

O câncer de mama é o mais comum entre pessoas do sexo feminino no mundo todo e também no Brasil. Em números, ele fica atrás somente do câncer de pele não melanoma. Homens também podem desenvolver a doença, porém é raro e representa apenas 1% do total de casos.

Mesmo sem nenhum registro da doença na família – o que é um fator de risco, Adriana, que é mãe de dois filhos, realiza mamografia todo ano desde sua primeira gravidez. Meses antes de receber o diagnostico ela chegou a realizar o exame, mas o tumor não foi detectado. Foi sozinha, durante o banho, que ela percebeu que poderia ter algo de errado em sua mama direita.

“Detectei um “caroço” na parte superior, quando lavava a axila. Sai do banho e mostrei para meu esposo, que também achou estranho. No dia seguinte agendei consulta com meu ginecologista e este imediatamente solicitou um exame de ultrassonografia”, conta.

Realizar a auto-palpação é a orientação atual do INCA – Instituto Nacional do Câncer. Segundo a instituição, na prática, assim como Adriana, muitas mulheres descobrem o câncer de mama a partir da observação casual de alterações mamárias e essa descoberta no início é primordial para a eficácia do tratamento.

A confirmação do temido diagnóstico veio através dos exames de ultrassom e biópsia: Adriana estava com um nódulo na parte superior da mama direita de Grau 4. O INCA estima que 57.960 novos casos serão detectados até o fim de 2016. O número de mortes pode chegar a 14.388, sendo 181 homens e 14.206 mulheres. Apesar dos dados, o câncer de mama tem cura e é de extrema importância que ele seja detectado no início, como foi o caso da policial, para que o tratamento seja mais eficaz.

O medo da morte e o período de tratamento

Hoje, quem vê Adriana sorridente e esbanjando autoconfiança não imagina o que ela teve que superar. O principal pensamento que se passava em sua cabeça após receber a notícia era o medo a morte.

Adriana foi encaminhada ao médico oncologista Dr. Guilherme Cucolicchio e posteriormente reuniu não somente a família toda em um almoço de domingo, como também todas as suas forças para dar a notícia a todos.

“De início fiquei muito mal, pois tive muito medo da morte, de deixar esse plano, meus filhos e família. Mas, resolvi que iria lutar, que venceria essa batalha. Reuni minha família na casa da minha mãe para um almoço de domingo e contei a todos de uma só vez. Foi muito difícil tudo isso”, relembra.

Adriana ao lado da psicóloga Teresa, que a acompanhou durante o período de tratamento

A psicoterapeuta Teresa Matera, profissional que acompanhou Adriana desde o início de seu tratamento, afirma que os medos, os temores e tremores pela vida ou pela sua brevidade são comuns quando o paciente recebe o diagnóstico positivo.

“Todos vamos morrer, mas não gostamos de ser lembrados, afinal a morte é cercada de mistérios e somos todos apegados à vida. Cada pessoa lida com esta questão de forma diferente. Para uns é uma sentença de morte enquanto para outras é sentença de vida. É uma decisão que não cabe julgamentos, mas apoio”, fala a terapeuta.

Após comunicar todos os familiares e amigos sobre a doença, Adriana entrou em uma nova fase de sua vida. Acostumada à independência, ela se viu dependente das pessoas ao seu redor para realizar as principais tarefas e também precisou se afastar do trabalho.

Uma cirurgia foi feita para a retirada de parte do tumor e posteriormente começou a etapa mais delicada do tratamento. Iniciaram as sessões de quimioterapia e radioterapia e então os efeitos começaram a ser sentidos, o principal deles a queda dos cabelos, além das náuseas e vômitos.  “No início passei por uma cirurgia que retirou boa parte do tumor. Realizei 35 sessões, que eram feitas diariamente (exceto aos finais de semana e feriados)”, explica.

Hoje, já curada da doença, Adriana ainda realiza acompanhamentos e tratamento de hormonoterapia, que se estenderá por dez anos. No mês do Outubro Rosa, Adriana não abre mão de fazer sua parte no trabalho de conscientização, o laço que simboliza a campanha e camisetas com apelos passam a ser rotina, a fim de alertar outras mulheres – e homens também – sobre o perigo de um diagnóstico tardio, incentivando-as a realizar exames periódicos.

Adriana Hernandes foi diagnosticada com câncer de mama em 2010

 

 

 

Como lidar com as mudanças estéticas

No primeiro dia de quimioterapia, o médico explicou para Adriana que a partir do 13º dia de tratamento seus cabelos começariam a cair, exatamente o que aconteceu. “Achei a queda anti-higiênica e resolvi raspar a cabeça imediatamente, o que foi feito pelo meu vizinho VAL (muitas emoções)”, complementa.

Apesar de tudo, ela explica que não sofreu com a perda dos pelos, usou a criatividade para substituir as medeixas, colocava lenços, chapéus, boinas, ou simplesmente nada.

“Comprei lenços coloridos e os combinava com as roupas que usava, virou um acessório.  Não me incomodava a careca, sempre disse que se o médico me dissesse que nunca mais teria cabelos, mas me garantisse nunca mais ter câncer, preferiria não ter cabelo”, explica aos risos.

Um momento de provação que muda a maneira de enxergar a vida

Apesar de todas as informações e assistências acerca do assunto, o câncer ainda é uma doença estereotipada e muitas pessoas ainda temem o diagnóstico, pois ainda o associam a um veredito de morte. Mas não é bem assim, como já citamos no início do texto, o quanto antes a pessoa for diagnosticada maiores as chances de sobreviver à doença.

“Tudo muda num simples toque, foi uma fase muito difícil na minha vida, devemos sempre repensar nossos atos e nosso comportamento. O que realmente importa? O que nos faz feliz? E acima de tudo viver um dia de cada vez, tirarmos o pé do acelerador, porque o amanhã, ah! O amanhã, pode não chegar. Viva a vida intensamente, com responsabilidade e com a certeza de estar fazendo o melhor”, diz ela.

Adriana só tem a agradecer ao apoio que recebeu, não somente da família, mas de toda equipe de profissionais que a ajudou nessa fase delicada.

“Meu médico, o Dr. Guilherme Cucolicchio, trata-se não só de um médico, mas um ser humano acolhedor, digo sempre que é um anjo enviado por Deus.  Quero deixar aqui registrado o apoio que tive do meu esposo Mário, dos meus filhos Rafael e Larissa e demais familiares que muito fizeram por mim, seja me acompanhando durante as sessões de quimio e radioterapia, seja me auxiliando nos afazeres, domésticos, dentre outras coisas”, agradece.

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