Em Nota Oficial divulgada na manhã desta quarta-feira, 17 de março, o grupo de assistência médica dos profissionais da saúde de Mirassol, que está à frente da equipe de saúde que trabalha nos atendimentos a pacientes de Covid-19, questionou a decisão do Prefeito Edson Antonio Ermenegildo em não aderir ao lockdown.
Enquanto São José do Rio Preto e várias outras cidades da região adotaram a medida como estratégia de contensão de danos relacionados ao avanço de casos da doença e falta de leitos de UTI, a Prefeitura Municipal de Mirassol optou por seguir o Decreto Estadual, que já prevê diversas ações de distanciamento, mas permite, por exemplo, atendimento via Delivery e o funcionamento de supermercados.
Em nota, os profissionais da saúde declararam-se “perplexos e preocupados” com a decisão, pelo fato de a cidade não possuir nenhuma estrutura hospitalar capaz de gerir os impactos de uma pandemia. Atualmente, os pacientes que necessitam de internação e UTI são encaminhados para o Hospital de Base de Rio Preto, que já se encontra na capacidade máxima de acolhimento.
A preocupação central, além desta, é de que, havendo lockdown em São José do Rio Preto, maiores são as chances de tumulto e aglomeração no comércio de Mirassol, principalmente supermercados. Isso aumenta o risco de transmissão do vírus e, consequentemente, o número de doentes e mortos.
“As pessoas alegam que priorizando a saúde vamos prejudicar a economia. Isto não é verdade. No mundo todo, nos países onde a pandemia foi levada a sério e a vida colocada em primeiro lugar, já está havendo uma retomada positiva da economia. A economia depende do não-colapso do sistema de saúde. Não priorizar a saúde é também não priorizar a economia”, diz a Nota.
Segue abaixo nota na integra:
Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito de Mirassol Dr Edson Antonio Ermenegildo
Deixou-nos perplexos e preocupados o fato de Mirassol não aderir ao lockdown que será realizado em São José do Rio Preto, de 17 a 31 de Março de 2021. As autoridades de Mirassol, os médicos e os mirassolenses como um todo sabem que nós não temos estrutura hospitalar para prestar assistência médica durante a pandemia, tanto em qualidade quanto em quantidade.
A situação é de exceção, gravíssima, com brasileiros morrendo no país todo, a todo momento. Alguns conseguem atendimento médico adequado à gravidade da situação, outros estão morrendo em casa ou dentro de ambulâncias nas portas dos hospitais, aguardando vaga nas UTIS. Os nossos pacientes estão sendo encaminhados para internação para os hospitais de São José do Rio Preto, principalmente para o Hospital de Base, que já se encontra na capacidade máxima de acolhimento. É preciso entender que o problema não é só falta de leitos, de respiradores ou de medicações para entubação. O problema é muito mais complexo. Não temos médicos habilitados para atender este número de pacientes. Os profissionais que estão na luta há 12 meses estão exaustos física e mentalmente, doentes ou mortos. Já perdemos no Brasil até agora 624 médicos e 519 enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Os dados não estão atualizados, então os números são maiores.
Além do mais, havendo lockdown em São José do Rio Preto com certeza haverá tumulto e aglomeração no comércio de Mirassol, principalmente nos supermercados. Isso aumenta o risco de transmissão do vírus, consequentemente o número de doentes e mortos .
As pessoas alegam que priorizando a saúde vamos prejudicar a economia. Isto não é verdade. No mundo todo, nos países que levaram a pandemia a sério e colocaram a vida em primeiro lugar, já está havendo uma retomada positiva da economia. A economia depende do não-colapso do sistema de saúde. Não priorizar a saúde é também não priorizar a economia.