O transporte rodoviário, responsável pelo deslocamento de 65% das cargas e de 95% dos passageiros no país, se movimenta sobre rodovias cuja qualidade do Estado Geral, quanto à conservação, está com 67,5% da sua extensão classificada como Regular, Ruim ou Péssimo e 32,5% classificada como Ótimo ou Bom. Os percentuais demonstram uma relativa estabilidade no Estado Geral da malha rodoviária brasileira, em comparação com os resultados do ano passado, que apresentavam, respectivamente, 66,0% e 34,0% para os mesmos níveis de classificação.
A constatação faz parte dos resultados da 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela CNT e pelo SEST SENAT na quarta-feira (29/11). Trata-se do maior estudo sobre infraestrutura rodoviária no Brasil. O levantamento deste ano avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.
De acordo com a o levantamento, a rodovia Euclides da Cunha (SP-320) figura entre as 10 melhores do país, aparecendo na sexta posição com a classificação ÓTIMO. A SP-320 possui uma extensão de mais de 185 km, com início em Mirassol e término na divisa com Mato Grosso do Sul, contando um total de 11 municípios em todo o seu trajeto.
Confira a classificação com as 10 melhores rodovias do país:
1) RJ-124 – (RJ) – Rodovia Estadual – Gestão Concedida – 57 km pesquisados – Classificação ÓTIMO
2) SP-270 – (SP) – Rodovia Estadual – Gestão Concedida – 272 km pesquisados – Classificação ÓTIMO
3) SP-225 – (SP) -Rodovia Estadual – Gestão Concedida – 225 km pesquisados – Classificação ÓTIMO
4) BR-153 – (TO) – Rodovia Federal – Gestão Concedida – 180 km pesquisados – Classificação ÓTIMO
5) SP-463 – (SP) – Rodovia Estadual – Gestão Pública – 192 km pesquisados – Classificação ÓTIMO
6) SP-320 – (SP) – Rodovia Estadual – Gestão Pública – 185 km pesquisados – Classificação ÓTIMO
7) BR-080 – (GO) – Rodovia Federal – Gestão Pública – 94 km pesquisados – Classificação ÓTIMO
8) SP-191 – (SP) – Rodovia Estadual – Gestão Concedida – 113 km pesquisados – Classificação BOM
9) BR-364 – (GO) – Rodovia Federal – Gestão Concedida – 192 km pesquisados – Classificação BOM
10) BR-493 – (RJ) – Rodovia Federal – Gestão Concedida – 101 km pesquisados – Classificação BOM
A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias. “Essas são ações que a agenda da Confederação enfatiza e amplia institucionalmente, no âmbito do poder público, especialmente no Executivo e no Legislativo”, ressaltou o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, durante o lançamento do estudo, realizado na sede no Sistema Transporte, em Brasília (DF).
Público × privado
Ao analisar o resultado da Pesquisa quanto ao Estado Geral das rodovias por tipo de gestão pública e privada, percebe-se que as públicas (que representam 76,6% da extensão pesquisada neste ano) apresentam percentuais maiores de avaliações negativas: Regular, Ruim e Péssimo. Essas más condições correspondem a 77,1%.
Por outro lado, nas rodovias concessionadas (que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023), os altos percentuais para o Estado Geral remetem a uma situação oposta, ou seja, a bons resultados. De acordo com a Pesquisa, 64,1% da extensão da malha concedida, avaliada pelo levantamento nessa característica, foram classificados como Bom e Ótimo.
“A diferença nos resultados de classificação do Estado Geral para as malhas públicas e privadas evidencia como cada gestão trabalha o investimento nas rodovias. Enquanto as concessões estão sob o cumprimento de obrigações contratuais estabelecidas por parte dos agentes reguladores, o volume de investimentos por parte da gestão pública depende de agenda orçamentária e de prioridades estabelecidas pelo gestor”, comentou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
O Novo PAC prevê R$ 185,80 bilhões em investimentos para o modo rodoviário, dos quais R$ 112,8 bilhões são da iniciativa privada (60,7%) e R$ 73,0 bilhões do governo federal (39,3%). Essa realidade demonstra uma recuperação da capacidade de investir com duas frentes, via Estado e/ou por meio de relações de colaboração com a iniciativa privada, contemplando concessões e parcerias.