“Uma simples gripe não é, foram 33 dias que quase me custaram a vida”

Após ficar 21 dias em coma e 33 dias internada, Vanessa voltou para casa no início da semana

 

Vanessa ao lado dos profissionais de saúde, na saída do hospital (foto: reprodução/Facebook)

 

Sem entender bem o que estava acontecendo, Vanessa Ramos, 40 anos, abriu os olhos novamente no sábado, dia 18 de abril, tinham se passado 21 dias desde que ela procurou atendimento médico, mas para ela é como se esse tempo não tivesse existido. A moradora de Mirassol procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município em uma sexta-feira, dia 27 de março, após sentir dores nas costas, dor de cabeça, febre e dificuldade para respirar. Ela se lembra da consulta, dos exames e da transferência para a Santa Casa de Rio Preto, após isso as memórias soam para ela de forma confusa.

No hospital, ela realizou o exame para Covid-19, que apontou positivo, precisou ser sedada e entubada, permaneceu em isolamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dedicada aos pacientes com a doença. Ao todo, foram 33 dias internada, 21 deles em coma induzido.

Na noite de quarta-feira (29), completou dois dias que Vanessa saiu do hospital, ela topou conversar com a equipe do Mirassol Conectada por telefone, para contar um pouco sobre esse período.

“Quando voltei da sedação fui recobrando a consciência aos poucos, não tinha noção de que tinha passado tanto tempo. Os médicos então me mostraram uma foto da minha família e foram conversando comigo e aos poucos eu fui reativando minha memória.”

conta Vanessa Ramos, em entrevista ao Mirassol Conectada.

Durante esse período, Vanessa conta que teve muitos sonhos que se misturaram com a realidade. Muito do que ela se lembra com nitidez de ter vivido, aconteceu apenas em sua cabeça.

 

“Na minha cabeça a minha filha tinha se casado com um médico, ela tem 16 anos, e se separado uma semana depois. Eu também acreditava que tínhamos mudado de cidade. É tudo muito vívido e nítido na minha memória, parecia mesmo ter acontecido, aí o meu esposo foi me explicando o que era ou não real.”

Vanessa Ramos, em entrevista ao Mirassol Conectada.

Para o esposo, Francisco Ramos, o período foi de provação, para não entrar em desespero ele contou de longe com a ajuda de amigos e familiares, que estavam sempre em contato com ele, além de prestarem ajuda enviando comida e mensagens de apoio. Diariamente ele transmitia lives em seu Facebook pessoal, atualizando as pessoas sobre o estado de saúde da esposa, o que para ele e as filhas foi primordial para enfrentar a fase. Ele era informado todos os dias por profissionais que estavam à frente do tratamento de Vanessa sobre a evolução dela, via telefonema.

Todos os dias Francisco ligava para saber como estava a mulher, então dias antes da Vanessa ser retirada dos aparelhos ele já havia sido informado pelos médicos que não seria saudável que ela permanecesse por mais tempo entubada e que os mesmos precisariam retirados para ver como ela reagiria. No dia em que o procedimento estava marcado ele não ligou ao hospital, ficou aguardando por notícias. A tranquilidade tomou conta do lar novamente quando ele recebeu a ligação contando que ela havia sido retirada do coma induzido e que estava respondendo bem.

Logo, Francisco e as filhas puderam falar novamente com a Vanessa por telefone e vídeo, mas a saudade ainda duraria mais alguns dias. Ela permaneceu no hospital para o fim do tratamento por pouco mais de uma semana e finalmente recebeu alta na segunda-feira, dia 27 de abril. Sua saída do hospital foi comemorada aos aplausos por profissionais de saúde que atuaram em seu caso. Ela foi recebida com festa pelos familiares que a aguardavam na saída do hospital.

 

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Curada da doença, a paciente ainda tem algumas sequelas devido ao tratamento forte, ela ainda precisa respirar com a ajuda de um cilindro de oxigênio e apesar do tratamento já ter finalizado, o uso de alguns medicamentos como corticoides e remédio para pressão, que ficou um pouco irregular devido ao vírus, ainda são necessários. Fraca por conta do período que permaneceu desacordada, ela está fazendo uso de uma cadeira de rodas até retomar as forças do corpo. Para isso, um fisioterapeuta tem acompanhado sua evolução, o profissional vai até a casa dela para realizar sessões.

“Tem sido difícil, não tenho força nas pernas, também estou usando oxigênio ainda, os médicos estão tentando retirar aos poucos para o meu pulmão ir fortalecendo. Da doença estou curada, mas ainda tenho que tomar alguns medicamentos, para a pressão que fica um pouco instável e também corticoides”

Vanessa Ramos, em entrevista ao Mirassol Conectada.

 

Vanessa ao lado da família na saída do hospital (foto: reprodução/Facebook)

 

Por conta de toda experiência, ela reforça que é importante aceitar que a doença está aí e que cada um precisa fazer a sua parte.

“Uma simples gripe não é, foram 33 dias que me custaram quase a vida.”

Ainda sem poder receber visitas devido a imunidade do corpo estar baixa, Vanessa está feliz e tranquila por finalmente poder voltar para casa. O que a doença deixou para ela e para a família, além das sequelas, foi a vontade de viver intensamente daqui para frente, dando valor a cada pessoa que faz parte da sua vida. Ela finaliza a entrevista com um apelo à população:

“Leve a sério, faça sua parte, use máscara, respeite a quarentena, esse período vai passar, mas é importante aceitar que a doença está aí e que cada um precisa fazer a sua parte.”

Vanessa Ramos, curada da covid-19.