Um projeto ousado, como descrevem os membros da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), ou vicentinos como são conhecimentos, tem levado uma vida digna para algumas famílias assistidas em Mirassol. Com o intuito de oferecer mais qualidade de vida para pessoas que necessitam de mais atenção à saúde, o grupo iniciou o Projeto Casa Solidária, que já construiu três casas desde quando surgiu, em 2010.
Neste ano, foi iniciada a construção da quarta casa com ajuda da comunidade local, que será doada para uma família jovem, que tem vivido uma situação grave. Daniel Francisco da Silva, 33 anos, tem deficiência visual plena e irreversível, decorrente da diabete aguda. Atualmente ele mora com a esposa Maiara e seus três filhos Danilo, Sofia e Gustavo. A casa onde vivem é pequena e todos dividem o mesmo quarto.
Além da diabetes, o homem também está acometido por outros problemas de saúde como neuropatia diabética, doença que afeta os nervos e músculos, comprometendo os movimentos. Por esse motivo, a família será contemplada com o imóvel, para que todos possam ter um bem-estar maior.
Ao saber que foi contemplado com o imóvel, Daniel demonstrou muita alegria e afirmou que jamais imaginou que teria uma casa própria para chamar de sua.
“Fiquei sem reação, sem palavras, eu não dormi à noite, fiquei imaginando aquilo na minha cabeça, pois, nunca eu imaginei na minha vida que eu iria ganhar uma casa, ter um lar para falar que é meu esse lar, eu ganhei é meu, ainda mais para morar, para o resto da minha vida, totalmente gratuito, sem tirar um centavo do bolso, é uma coisa que não tenho”, contou todo alegre, Daniel Francisco da Silva 33 anos.
Essa alegria contagiou até os filhos: “meus filhos estão muito felizes, vão ficar muito contentes na casa nova, eles já ficam falando, ‘nossa, papai a gente ganhou uma casa, vê mamãe a gente ganhou uma casa’”, comentou Daniel.
No dia 13 de fevereiro de 2021 foi dada a largada para a construção da quarta Casa Solidária, com o lançamento da pedra fundamental, na presença da família e de representantes dos Vicentinos de Mirassol e região.
“A gente está muito feliz, graças a Deus, a gente agradece todos os dias, quando levanta e quando vai deitar, muito obrigado a todos vocês, Deus abençoe todos vocês”, finalizou Daniel.
Outras três famílias já foram contempladas pelo projeto
Além do casal e seus três filhos, outras três famílias puderam se beneficiar do projeto na cidade. A ideia surgiu em 2010, quando os Vicentinos conheceram a história do Senhor José Carlos, eles ficaram tocados com a situação do homem e decidiram que precisavam fazer alguma coisa para ajudar.
José Carlos morava na zona rural, a cerca de 3 quilômetros de Mirassol, com a esposa e quatro filhos, sendo um cadeirante. Ele era tratorista e aos 30 anos perdeu a visão e teve a perna direita e o pé esquerdo amputados, tudo em decorrência da diabetes. Ele também é transplantado, precisou receber um novo rim em 2007, o que exigia uma atenção especial e constante para sua saúde. Contudo, a casa onde morava, além de ser simples, dificultava muito a locomoção da família, principalmente quando chovia.
Preocupada com a situação da família, os Vicentinos começaram a procurar meios para ajudar, surgindo a inspiração para construir um novo lar para eles na cidade. A ideia era ousada, já que a Sociedade não tinha recursos para tal feito, foi então que nasceu o Projeto Casa Solidária. O plano foi apresentado à comunidade local, que reconheceu a importância e contribuiu para que o sonho fosse tirado do papel.
Uma nova situação mobilizou os Vicentinos em 2015, a família da Rosileide e seus cinco filhos, sendo o mais velho portador de paralisia cerebral e o mais novo com microcefalia. Todos moravam numa pequena casa alugada, ela não tinha condições para trabalhar fora, porque os filhos precisavam de cuidados em tempo integral.
“A escolha da família é exatamente aquela que mais necessita, que a gente percebe, quem mais realmente necessita de ter uma casa, que não tem condições financeiras para pagar um aluguel, que não está tendo condições financeiras praticamente nem para comer e beber. São essas pessoas que são escolhidas e quando a gente entrega esse projeto é uma felicidade muito grande, porque você vai conseguir levar a essas pessoas uma vida melhor, uma vida diferente”, disse Roberto Maia, membro da Sociedade de São Vicente de Paulo e um dos responsáveis do Projeto Casa Solidária.
A terceira Casa Solidária foi construída em 2018 para a família do Eliamarcio, que é casado e tem três filhos, sendo um deles portador de uma síndrome que atrofia os músculos e que exige cuidados constantes. O filho mais novo também apresentava os sintomas da mesma síndrome. Eliamarcio é diabético, com trombose nas pernas, ficando impossibilitado de continuar trabalhando. Sem possuir casa própria, a família passava por dificuldades para se manter devido aos sérios problemas de saúde.
Satisfação
Para quem está envolvido no projeto é uma emoção muito grande, já que tal feito está oferecendo qualidade de vida para as famílias que são atendidas. De acordo com Roberto Maia, membro da Sociedade de São Vicente de Paulo, é preciso que alguém dê o primeiro passo para que toda a comunidade possa se envolver.
“Nós que participamos desse projeto nos sentimos felizes e contentes, agradecido a Deus por poder participar da continuidade dessa obra iniciada por Jesus, que se chama caridade. Estive envolvido nas três obras e se Deus quiser agora vamos para a quarta casa. Você vê pessoas, por exemplo, ajudando com material e tudo mais, tem pessoas que conseguem doar 20 sacos de cimentos, mas eu já vi pessoa chegando, por exemplo, um servente de pedreiro que está trabalhando em outra obra, ele chega com uma bicicleta e na garupa um saco de cimento e diz ‘essa é a minha colaboração para vocês na construção dessa casa’. A gente fica emocionado em dizer como que é bonito, como que é humano, você dar o primeiro passo para esse projeto, e as pessoas caminham juntas, porque todos nós, todas as pessoas, na grande maioria, têm a vontade de ajudar, tem dentro de si aquela emoção em ver alguém feliz, só precisa ir alguém lá e contar a história e mostrar o que está acontecendo para que essas pessoas possam ajudar”, comentou Roberto Maia.
Vicentinos realizam Pastelada para levantar fundos
Para arcar os custos de pedreiro, os Vicentinos estão vendendo convites para uma Pastelada, que acontece nos dias 29 e 30 maio. Os vales estão sendo comercializados a R$ 20 e dão direito a quatro pastéis. A retirada será na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, das 17h30 às 20h. Para comprar, basta procurar os Vicentinos em Mirassol. Informações pelo número (17) 98128-4038 – Falar Roberto Maia.