Neste mês, a campanha “Junho Violeta” vem como um alerta para conscientizar sobre a prevenção do Ceratocone. Essa doença, que deixa a córnea mais fina e com uma curvatura semelhante a um cone, é a principal responsável pelos casos de transplante de córnea. Um dos principais fatores que causam o ceratocone é coçar os olhos com frequência.
Murilo Bertazzo, médico oftalmologista do HO Redentora, explica que o ceratocone acontece por uma combinação entre características genéticas e ambientais. “Entre os fatores ambientais, o ato de coçar os olhos está entre os mais relevantes para causar alteração na estrutura da córnea e gerar a alteração biomecânica, pois a pressão exercida ao coçar os olhos pode desencadear alteração na organização das fibras que compõem a córnea”, diz.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 150 mil pessoas são afetadas pelo Ceratocone no Brasil. “Com início geralmente na puberdade, o ceratocone pode não gerar qualquer sintoma na fase inicial. Mudanças constantes do grau dos óculos pode ser o primeiro fator que indique a condição, principalmente quando o astigmatismo está aumentando. Outras queixas desses pacientes são a piorada da sensibilidade à luz, visão embaçada, distorcida e piora da visão noturna” explica Murilo.
Segundo o oftalmologista, uma pessoa que tenha uma predisposição genética para o desenvolvimento do ceratocone, o ato de coçar o olho pode ser determinante para o aparecimento da doença. “Por outro lado, um indivíduo que tenha uma predisposição a ter o ceratocone, mas não coçar o olho, pode vir a controlar e até mesmo não desenvolver a doença.”, ressalta.
O tratamento se divide em duas partes: impedir a progressão da doença e permitir reabilitação visual. Se, pelos exames oftalmológicos, o ceratocone estiver progredindo, é possível fazer um procedimento chamado Crosslinking Corneano, que ajuda a estabilizar a doença. A reabilitação visual depende do grau de severidade da doença. Nos casos mais leves, óculos e lentes de contato rígidas podem ser suficientes. Entretanto, em casos mais avançados, pode ser necessário tratamento cirúrgico, como Implante de Anel Intraestromal Corneano. O transplante de córnea fica como última opção.
A Campanha Junho Violeta é muito importante para conscientizar e orientar a população sobre o ceratocone, que é uma doença mais comum do que se pensa, possui um caráter progressivo, mas se detectado precocemente é possível controlar a doença e proporcionar uma boa visão para o paciente. Pessoas com história de familiares com a doença, devem ser orientadas a fazer um exame oftalmológico para investigação. É importante também alertar sobre o risco de coçar ou esfregar excessivamente os olhos para não prejudicar a visão e principalmente prevenir o aparecimento ou a progressão do ceratocone.