
Com o retorno das aulas, aumenta a exposição das crianças a vírus e bactérias, elevando significativamente os casos de infecções respiratórias nessa faixa etária. Amigdalite, adenoidite, rinite e sinusite estão entre as doenças mais comuns no período. O tempo seco do inverno agrava ainda mais a situação: o ar seco resseca as vias respiratórias, favorece a proliferação de micro-organismos e intensifica quadros alérgicos e inflamatórios.
Além das condições climáticas, fatores como o aumento das queimadas e o tráfego intenso de veículos pioram a qualidade do ar, contribuindo para o crescimento de casos de gripes, resfriados, bronquiolite, pneumonia, rinite, sinusite e crises de asma. Esse cenário, somado à retomada das aulas presenciais, exige atenção redobrada de pais, educadores e profissionais da saúde.
Segundo o otorrinolaringologista Maury de Oliveira Faria Jr., da clínica Otorrino Rio Preto, algumas medidas simples ajudam a proteger as crianças. “A higiene é fundamental: incentive a lavagem frequente das mãos, o uso de máscara em locais fechados e a higienização de superfícies. Também é importante evitar o compartilhamento de objetos pessoais, como toalhas, talheres e copos”, orienta o médico.
Manter os ambientes ventilados e promover hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e atividades ao ar livre, também fortalece a imunidade dos pequenos. O consumo regular de frutas, verduras e fibras melhora o funcionamento do organismo. Alimentos ricos em vitamina C, como laranja, kiwi, mamão, morango, goiaba e couve, têm papel essencial no fortalecimento do sistema imunológico, além de atuarem como antioxidantes.
Outra estratégia eficaz para prevenir infecções respiratórias é não levar à escola crianças com sintomas de gripe ou resfriado, hábito que ainda não está plenamente consolidado no Brasil. “Os pais devem estar atentos aos sinais e buscar orientação médica ao menor sinal de infecção”, reforça o médico. Em caso de dúvidas, a avaliação com um otorrinolaringologista pode ser decisiva para o diagnóstico e tratamento adequado, que pode variar de medidas preventivas ao uso de medicamentos.
Alerta
O especialista também alerta sobre a importância de manter o calendário vacinal em dia, incluindo a vacinação contra a gripe, disponível tanto pelo SUS quanto em clínicas particulares. “A imunização reduz a circulação de vírus e bactérias, protegendo não só a criança, mas também os colegas e familiares”, explica.
Faria Jr. ressalta ainda que sinais como respiração bucal, ronco, sono agitado, fala anasalada e infecções de repetição não devem ser ignorados. “Quando esses sintomas se tornam frequentes e afetam o bem-estar da criança, pode ser necessário avaliar a indicação de cirurgia das amígdalas e adenoides.”
Indicada em casos de infecções recorrentes, apneia do sono ou dificuldades respiratórias que comprometem a qualidade de vida, a cirurgia proporciona melhora significativa no desenvolvimento infantil. A recuperação costuma durar entre sete e dez dias, período em que a dor de garganta pode ser controlada com medicamentos e alimentação leve. Apesar de fazerem parte do sistema imunológico, a retirada das amígdalas e adenoides não compromete as defesas do organismo, que conta com outros mecanismos de proteção.