Como protesto, professoras erguem diploma em sessão da Câmara de Mirassol

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Um grupo de professoras da rede municipal de ensino foi orientado a se retirar da sessão legislativa da última segunda-feira (18.09). As educadoras foram até a Câmara Municipal de Mirassol, erguendo diplomas e certificados que comprovam a formação curricular delas, como ato de repúdio a fala do vereador Walmir Chaveiro, que teria afirmado durante o expediente oral da sessão realizada no dia 28 de agosto que o salário das profissionais onera os cofres públicos municipais e que elas usam atestado médico para “passear no shopping”. O ato das professoras, segundo o advogado da Câmara, “fere o regimento interno da casa de leis porque se configura como forma de protesto”.

Grupo de professoras pedia a retratação do vereador (fotos por Natália Campanholo)

A intervenção aconteceu, segundo elas, para pressionar a retratação de Walmir. “Dias atrás ele (vereador) quis dizer que nós não somos professoras e que nosso salário está onerando os cofres do município. Hoje nós viemos nos manifestar e ele já disse que não ia se retratar. Estamos aqui para mostrar nosso repúdio. Como estávamos erguendo o diploma o advogado da câmara disse que o segurança poderia retirar a gente se não parássemos. Agora, na próxima sessão, vamos nos defender na tribuna”, afirmou uma das professoras durante o protesto.

“O nosso regimento é arcaico e não permite a fala na tribuna sem aviso prévio. A Câmara tem que ser informada com pelo menos uma semana de antecedência para que isso possa ser incluído na ordem do dia. Para falar também é necessário que a pessoa pertença a uma associação formada com, pelo menos, 100 membros”, explicou o advogado da Câmara em conversa com as educadoras após elas saírem do prédio.

Confira, na íntegra, a fala do vereador:

“Bom, a opinião minha sobre a questão dos uniformes: Isso aí foi um erro licitatório, aonde eu não vejo culpa nem da diretoria e nem do prefeito. Por que é que agora tem que ter eleição e na época antiga aonde a mulher ocupava o cargo de direção não foi proposto eleição e hoje tem que ter? Não tem que ter eleição. Não tem que ter, sabe por que? Porque o cargo é do prefeito. É cargo de confiança do prefeito. O prefeito tem que por lá quem ele confia, quem ele acredita. E não em eleição. Como que ele vai acreditar em eleição sendo que tudo hoje é manipulado? Em questão dos projetos, que é uma coisa que todo mundo aclama, e tá sendo feita a licitação, não tem empresas adequadas a fazer o trabalho. As que tiveram foi dispensa, inerte. E quando se diz fazer em eleição, de falta de professores em classe de aula…, é, tem falta mesmo. Inclusive, tem professores que se for procurar tem atestado quase toda a semana que não vai trabalhar e muitas das vezes já foi até visto em shopping caminhando. Foram até visto em shopping. Então é uma responsabilidade tremenda também do professor quando se falta sem compromisso. Como foi feito esse plano de carreira eleitoreiro que é onde se bate no peito. Tá estourada a folha de pagamento por causa desse projeto eleitoreiro que foi feito na época do Senhor Junior Ricci, esse projeto de plano de carreira dos professores que é onde tem que ser revisto sim. E de imediato, se não vai quebrar os cofres públicos do município. Aonde pessoas passaram e não são professores. Tem que ser revisto. Eu não tenho medo. Sabe por que? Por que as pessoas sérias, professor sério, que sai da sua cara pra trabalhar, tenho certeza que não vai ficar bravo comigo. Agora professores que querem atestados pra que não cumpra-se com seu compromisso… Se tá doente, se afasta que tem o substituto. Agora não, em cima da hora vai e dá atestado pra passear, pra não ir dar aula, sem compromisso com o município…se for ver os atestados que são pagos por falta de professores é um absurdo aqui em Mirassol. Então, eu não posso ficar calado porque “ah, fulano de tal já foi diretor”. E nessa época que foi diretora? O que que aconteceu? A educação era uma beleza? Era nada, era uma porcaria também. Então, mais uma vez, eu dou os parabéns à essa diretora Célia Paiola, aonde todo mundo aclamou que ela assumisse esse departamento. Aonde todo mundo confiou, principalmente o Prefeito Municipal, que também dou os parabéns que até então tá correspondendo às necessidades da educação. Ela não pode agradar a todos. Ela não pode agradar um vereador aonde tem uma mãe na espera da vaga de creche e ir lá um vereador bonitão e querer passar na frente da mãe que tá lá esperando a vaga a tanto tempo. Ela tá correta, coerente e certa. Parabéns, mais uma vez, Célia. Você não tem que agradar ninguém, você tem sim que corresponder com o correto e é o que você vem fazendo. Então não adianta vir jogar a culpa de uniformes, de projetos, em cima de uma diretora que acabou de assumir por uma incompetência passada do Sr. Junior Ricci esses projetos não estão em vigor porque na época ele chamou pais e mães de vagabundos. Então ela não pode pagar esse preço. E sim, tá se desdobrando, sai oito horas da noite do departamento tentando resolver os problemas…. – Daniel Sotto interrompe e diz: “passeando na praia” …agora vocês vem falar pra mim que isso não é pessoal? É só olhar quem já foi diretor e se tem professor na família. E vou mais além, a partir de agora vamos comprar essa briga da educação, inclusive de atestados que são dados por professores. Se é o mesmo médico, se toda semana tem, e assim por diante… Porque se tá doente, se afaste. Se afaste porque tem um substituto. Não fica jogando nas costas, na culpa da professora…”, disse o vereador.

Após ser pressionado, o vereador disse na sessão do dia:

“Essa semana sobre a minha fala, eu vou comentar em respeito a algumas pessoas, a maioria tá, como vocês dizem que eu me interpretei mal, eu vou respeitar 90% então das pessoas aonde se compromete juntamente com o município, os professores. Por que eu digo isso? Em questão que falaram que eu não me expressei bem, eu quis dizer o que, o jurídico sabe o que eu to falando e muitos sabem o que eu to falando, falta de professores. Mês de julho, nós temos 477 professores na rede, mês de julho quase 400 faltas. Cento e quarenta mil quatrocentos e setenta reais (R$ 140.470,00) por faltas. E quando eu disse na minha fala, eu disse “professores não comprometidos com o município” que não tem responsabilidade e deixa a sua sala de aula e pega atestado, sim, pra dar voltinha em shopping. Que tem atestado de dois, três na semana e já foram vistos em shopping. Então eu não to mentindo. É números. É números que tem aqui. Ou tá certo? Eu acho que não tá certo. Eu acho que a mesma cobrança que teve desses 90%, eu digo, desses professores, deveria ter também dos seus colegas que faltam, que não tem compromisso. Que sobrecarrega, sim, a educação. Sobrecarrega quem quer o bem do município e dos alunos. Já teve situação, inclusive, em salas de aula que ficou inspetores porque não tinha comprometimento com professor. Chegava em cima da hora e nem vinha. Não dava satisfação e não aparecia para dar aula. Então quando eu digo, é a minoria. A maioria, é logico, o professor é a alma de tudo do negócio. Nós sabemos disso aí só que o comprometimento tem que existir. Cento e quarenta mil reais num mês. É muito dinheiro. E esse dinheiro, quem sabe, não poderia ser revertido pra vocês mesmos? Inclusive hoje deve entrar um requerimento meu e do vereador marcão pedindo a listagem de nomes, faltas, e assim por diante. A gente vai pegar em cima disso. Em questão de diplomas, e essas coisas, olha, eu vou falar, tem muitas que – eu errei se me expressei mal – mas tem umas que disse pra mim que ia falar pra mim que ia esfregar na minha cara e não sei o que, não faz isso não. Sabe o que você faz? Enfia num quadrinho e põe na sala de aula e vai dar aula. E vai dar aula, cumpre com o seu compromisso. Não precisa vir esfregar pra mim não só cumpre sua obrigação lá só. É isso que eu to pedindo. Nada mais do que justo. Quantas denuncias a gente teve aqui de aluno que não sabe ler nem escrever ? Vários. Muitos. E vocês sabem o que eu to falando. Pais e mães se chegar em casa e pedir a tabuada, vai ter dificuldade. Mas não são todos, só a minoria, só que engloba tudo. Então, virou um tsunami na minha cabeça. Fizeram até grupo. Mas eu vou adiantar: eu não tenho medo, pode falar de mim na classe todo dia. Porque quem tiver falando, eu to falando o que não tá cumprindo com a sua obrigação. Pode falar todo dia, não tem problema. Sou acostumado disso aí.(….)”